O ex-presidente brasileiro (2003-2010) Luiz Inácio Lula da Silva teve sua prisão decretada pelo juiz federal Sérgio Moro nesta quinta-feira (5), um dia após o Supremo Tribunal Federal (STF) negar pedido de habeas corpus feito pela defesa de Lula, por decisão apertada de seis votos a cinco.
A ação foi respondida automaticamente com protestos e mobilizações espontâneas em várias partes do país. Ainda na quinta-feira, o Partido dos Trabalhadores (PT) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), base histórica do partido e de Lula, convocaram um ato de resistência no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, berço do movimento grevista e operário surgido no final da década de 1970 (que teve Lula como principal líder e acarretou na fundação dessas duas agremiações).
Imediatamente, milhares de trabalhadores, trabalhadoras, jovens e militantes de movimentos sociais e lideranças de esquerda compareceram ao local, onde está refugiado o ex-presidente. Entre os movimentos de massa que estão na linha de frente para evitar a prisão de Lula, que era prevista para o final da tarde desta sexta-feira (6), estão o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores Urbanos Sem Teto (MTST). O prazo estipulado pela Justiça para que Lula se entregasse voluntariamente em Curitiba (PR) venceu sem que ele tivesse saído do sindicato, cercado pelo povo. Entretanto, no final da manhã deste sábado (7), Lula acatou a decisão judicial e se entregou ao aparato repressivo do Estado, como notório preso político.
Diversas manifestações estão ocorrendo por todo o Brasil desde o final da noite de quinta. Elas se intensificaram na sexta-feira e deverão continuar mesmo com a prisão de Lula na sede da Polícia Federal, em Curitiba. De fato, desde o anúncio da sua entrega e a chegada de Lula na noite de sábado, manifestantes foram para o local prestar solidariedade, sendo brutalmente reprimidos pela polícia. Caravanas de todo o Brasil estão chegando a Curitiba para manter a vigília permanente exigindo sua libertação.
A decisão de prender Lula foi feita após um processo com todas as características de perseguição política, em meio ao golpe de Estado e à onda de privatizações e entrega do patrimônio nacional para multinacionais estrangeiras. Condenado por ter, supostamente, aceitado propina da construtora OAS para construção e reformas de um apartamento triplex no Guarujá, município do litoral do estado de São Paulo, em nenhum momento a acusação conseguiu apresentar provas do ato.
Entretanto, o violento bombardeio midiático contra o ex-presidente, que se transformou em uma clara campanha propagandística de guerra, somado ao aparelhamento do Estado pelo setor golpista e pró-imperialista da burguesia brasileira, e o movimento "civil" artificial de extrema-direita jogaram um papel chave na decisão. Na última semana, ficou claro também a influência das Forças Armadas na repressão político-judiciária, com declarações das altas cúpulas militares exigindo a prisão do ex-presidente. O Exército já vinha alertando para a possibilidade de intervenção militar na política nacional desde a época do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, mas desta vez mostrou-se escancarada a disposição dos militares em dar um novo golpe caso a prisão de Lula não fosse decidida.
Todo o aparato do Estado burguês, agora monopolizado pela direita golpista e pró-imperialista, percebe a grande crise vivida no Brasil e o perigo do aumento absurdo das contradições do regime, que pode levar a qualquer momento a uma explosão social. Por isso o endurecimento da repressão e a perseguição a Lula, que, embora seja um político conciliador e reformista, é pressionado por sua base de massas e representa um obstáculo para o domínio total das forças direitistas.
O Diário Liberdade acompanha as mobilizações.