O Acampamento São José, localizado na antiga Fazenda São Sebastião, no município de Atalaia, em Alagoas sofre um novo despejo na manhã desta segunda-feira (23).
A Polícia Militar do Estado junto ao comando do Centro de Gerenciamento de Crise estiveram no local para retirar as 73 famílias Sem Terra que já acampam na área há 12 anos.
O acampamento que é conhecido por ser uma das áreas mais emblemáticas de conflito de terra no estado, já foi palco de outros despejos e até de assassinato de lideranças Sem Terra, como o caso de Jaelson Melquíades, assassinado em 2005 numa emboscada armada por pistoleiros a mando de fazendeiros da região.
“É lamentável que essa seja a postura do Estado com os camponeses e camponesas que nesses últimos anos construíram sua vida nesse local. São homens, mulheres, jovens, crianças que em seus barracos e com suas roças resistem há anos ao poder e as ameaças do latifúndio na região”, destaca a Direção do MST na região.
O despejo foi realizado sob o argumento do suposto usucapião da terra, em nome da família do antigo arrendatário das terras da massa falida da Usina Ouricuri, Pedro Batista, que desde 2015 tem ação rescisória no Ministério Público Federal do Trabalho questionando a propriedade da terra.
Os acampados e acampadas exigem que a ação rescisória, impetrada pelo MPF e em tramitação no Tribunal de Justiça (TJ-AL) seja julgada de imediato.
Os Sem Terra denunciam que a antiga disputa pela área agora conta com novos elementos que estão fazendo pressão junto ao judiciário para expulsar os trabalhadores rurais do acampamento.
“Querem transformar o acampamento em um haras. Toda a região já sabe que só estão aguardando o despejo das famílias para começarem a cercar a área e colocarem pistoleiros para nos amedrontar e ameaçar”.
“Já fizemos diversas denúncias ao Estado, inclusive do envolvimento de um laranja, em nome do ex-prefeito de Maceió, Cícero Almeida, nesse caso. A resposta para todas essas denúncias é a força policial agora para despejar as famílias acampadas”, disse a Direção do Movimento.
“Não iremos medir esforços para fazer valer o sangue dos companheiros que tombaram na luta pela terra nessa região e conquistarmos essa área para o assentamento das famílias Sem Terra. Continuaremos resistentes e em luta, na defesa da Reforma Agrária e da justiça social”.