Após o 15M o governo percebeu que não seria tão simples aplicar a reforma da previdência, nas relações de força surgiu a classe trabalhadora usando seus métodos para enfrentar os ajustes. Temer foi obrigado a recuar na aprovação imediata e manobrar retirando o funcionalismo estadual e municipal do projeto passando para os estados a responsabilidade. Essa medida busca dividir os trabalhadores ao mesmo tempo que joga para os estados a pressão para que seus governos realizem os ataques, podendo ser inclusive piores visto a crise de vários estados.
Tambem se debatem outras especificidades, como diferenças em relação a aposentadoria rural, o valor da aposentadoria, ainda há um aceno que pode mudar a regra de transição, esses recuos são produto da imensa percepção popular de que se trata de um grave ataque e sobretudo da disposição de luta expressa no dia 15M, contudo esses pontos não mudam o centro da reforma principalmente a idade mínima de 65 anos, por isso é necessário golpear com mais força, sem dar tempo ao governo, e impedir que essas manobras dividam a luta. Apesar do discurso “radical” da CUT e CTB denunciando a manobra como cortina de fumaça, elas marcam dó daqui a um mês o dia da “Greve Geral” dando todo esse tempo para o governo se rearticular.
Nesse tempo Temer também vem aprovando outras medidas reacionárias enquanto articula acordos parlamentares. Em pleno dia 31, dia de mobilização chamado pelas centrais sindicais, o congresso aprovou o projeto de terceirização irrestrita, e agora junto a Maia estão prometendo passar a reforma trabalhista chamando de “modernização da CLT”, quando na realidade é acabar com todos os direitos como férias, 13º salário, descanso e outros. E por via de jantares, conchavos e acordos esta tentando costurar a garantia da votação no congresso, uma vez que vem sofrendo resistência de setores cínicos, como de Renan Calheiros, que para se localizar eleitoralmente tem tecido criticas a reformas.
Greve Geral já! 30 dias de trégua aos golpistas não dá! Comitês de base pra tomar a luta em nossas mãos e fazer do dia 28 de Abril uma verdeira luta
Esse dia 28 pode expressar uma força ainda maior que dia 15, se tomarmos a luta em nossas mãos, não podemos confiar na UGT e Força Sindical, aliados de Temer e do golpe, por outro lado a CUT e CTB não estão dispostas a organizar uma luta real, mas sim de controlar a força expontanea dos trabalhadores enquanto usa dos dias de paralisação como golpes de efeito para ser parte da política eleitoral do Lula em 2018.
Dia 31 de março foi chamado um dia de mobilização pelas centrais, que juntaram milhares de pessoas, mas poderia ter sido mais contundente se tivesse novamente parado os locais de trabalho e estudo. Isso já poderia ter mudado a relação de forças para agora Maia junto a Temer quererem acelerar os ataques, como a reforma trabalhista. Assim fica a pergunta, e se a CUT e a CTB tivessem logo após do dia 15, no calor do momento chamando outro dia de paralisação, será que teria passado a terceirização, ou não daria mais um golpe contra a reforma da previdência?
Essas perguntas mostram uma diferença de objetivos entre a CUT e CTB e a necessidade dos trabalhadores. O tempo de trégua que elas deram ao governo também visava esfriar a vontade de luta, uma vez que pela própria pressão da base precisa mostrar ação, fazer grandes discursos, mas por via de manobras impedir uma luta real. Por isso não podemos confiar nessas direções burocráticas que hora ou outra vão nos trair.
Nós do MRT viemos fazendo essa luta política nos locais de trabalho, para que o dia 31 tivesse sido um dia real de mobilização, e para a organização do dia 28 por comitês de auto organização de base. Para que em cada local de trabalho e estudo possamos criar comitês massivos, que se debata um plano de luta concretizando ações para a construção de uma Greve Geral de fato, elegendo delegados de base para não permitir que sejam os burocratas sindicais que em portas fechadas definam os rumos do movimento.
O próprio chamado para o dia 28 já expressa a linha das centrais, dizendo “Vamos parar o Brasil”. O chamado sequer fala da “greve geral” isso porque não houve acordo com a Força Sindical, central patronal e aliado do governo. Quando a burocracia fala em greve geral, a usa tanto por pressão dos trabalhadores para tomar medidas mais efetivas, como medida de descompressão para se colocar um ar radical, mas na boca deles se torna uma medida vazia.
Quanto a CUT e CTB falam em greve geral é apenas como forma uma de pressão parlamentar, ou seja, a partir de “dias de luta” modificar as votações, se relocalizando assim como oposição e dando mais fôlego pra recomposição do PT diante do grande objetivo da campanha de Lula em 2018, totalmente desvinculada de objetivos políticos de enfrentamento com o governo para derrotar os ataques.
A CUT também liga o dia 28 a consigna de “diretas já”, o site da central aponta “Nós temos condição de criar um amplo movimento contra a perda de direitos no Brasil. A partir disso, temos força política para fazer o ‘Fora Temer’ e para pedir ‘Diretas Já’.” Consigna que visa relegitimar o regime capitalista e com conteúdo claro de eleger Lula. Sendo que este recentemente afirmou que é necessário um presidente eleito com votos para implementar a reforma da previdência.
Precisamos organizar uma “Greve Geral Já” e efetiva, como objetivo político de derrotar os ataques ligando a terceirização a reforma trabalhista com a reforma da previdência e outros. Isso porque a burocracia também divide as pautas e desarma a luta, abrindo espaço para que Temer vá aprovando outras medidas enquanto não consegue impor a previdência. Colocar de pé comitês de base para discutir essas medidas e organizar as forças ainda mais que no dia 15.
Para existir uma greve geral efetiva e de verdade, precisamos tomar a luta em nossas mãos retomando nossos métodos históricos de auto-organização. Só assim vamos impor que as direções sindicais rompam com a trégua e avance para a construção de uma greve geral até que os capitalistas paguem pela crise.
A preparação para uma verdadeira greve geral em nosso país acontece enquanto os trabalhadores na Argentina fazem hoje uma grande paralisação nacional, como parte de uma entrada em cena dos trabalhadores em vários países da América do Sul. Na argentina os trabalhadores e a esquerda combativa, em especial o PTS e a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores, a FIT, batalharam por uma paralisação ativa organizando em centenas de locais de trabalho como seria a adesão a esse dia e como ele contaria com cortes de avenidas e estradas para marcar uma presença e o programa da esquerda combativa independentemente da burocracia sindical. Essa organização ativa e independente é um exemplo para tomarmos em nossas mãos essa luta e impor às centrais sindicais e sindicatos um verdadeiro plano de luta para uma greve geral.
Nós do MRT chamamos o conjunto de ativistas, lutadores e trabalhadores desse país, a defenderem junto conosco a organização pela base, única forma de nos preparar seriamente para o duro enfrentamento contra as reformas com a construção de fato de uma greve geral. Convidamos todos a participar dos Encontros que vamos realizar neste mês pra debater como derrotar as reformas e fazer com que os capitalistas paguem pela crise.