‘Assistimos à maior crise política do Estado espanhol desde a instauraçom do regime de 1978, xurdido do pacto entre as elites franquistas e as forças da esquerda espanhola reformista, traidora às expetativas de ruptura democrática naquela altura. Aquela reforma meramente cosmética do fascismo golpista e genocida de 36 mantivo incólumes as estruturas de poder políticas, económicas, policiais e judiciais, constitucionalizando um Estado que seguiu sem oferecer umha resposta justa e democrática às legítimas aspiraçons das naçons negadas polo regime espanhol, como acertadamente denunciámos @s independentistas galeg@s naquele momento histórico e sostivémos na luita diária durante 40 anos.
Hoje, o conflito político catalám vive os momentos álgidos do chamado ‘procès’ soberanista e fai abalar os alicerces do quadro jurídico-político vigorante e abre possibilidades para os povos oprimidos polo Estado espanhol. Sem dúvida nenhuma, entramos numha nova fase política na que a Galiza deve de estar presente e fazer-se visível como a naçom que somos.
Polo de agora, Catalunha aponta-nos já várias liçons que avalam as análises sostidas e actualizadas polo independentismo revolucionário nestas décadas.
Primeiro, o Estado espanhol amossa abertamente a sua natureza anti-democrática e autoritária. Enfrentamos um Estado construído polo absolutismo e corrigido polo fascismo. Agora, a ‘democracia espanhola’ evidencia-se já como o que é, a simples carauta formal da dominaçom fascista ao serviço de interesses oligárquicos. A intensidade do conflito catalám descobre para a maioria social a excepcionalidade que até há pouco vínhamos sofrendo @s militantes revolucionários e revolucionárias e a dissidência política. Onde ficam os direitos fundamentais de cidadania no Reino de Espanha? Os feitos e os dados falam por si sós; substraçom de milhons de papeletas e urnas, proibiçom de actos políticos e palestras, ataques informáticos maciços e fechamento de centos de páginas web, ameaças a centos de alcaldes eleitos conforme a legalidade espanhola, pressons aos meios que nom se pregam ao monolítico discurso do oligopólio mediático, interceptaçom de milheiros de cartas, encarceramentos, suspensom da autonomia catalá, invasom policial e violência generalizada contra a cidadania disposta a exercer o legítimo direito a decidir o seu futuro político, detençons e assalto às instituiçons de autogoverno...abondam exemplos de um Estado que pretende que impere o terror para dissuadir e reprimir um povo digno e livre.
Todo isto tem um nome, terrorismo de Estado. Espanha continua a utilizar a violência dos aparelhos de Estado para manter a integridade territorial.
Segunda. É impossível alcançar a soberania nacional, a liberdade e a democracia, desde a exclusiva intervençom dentro do quadro legal imposto. Como levamos insistindo @s independentistas galeg@s nestas décadas e agora corrobora a situaçom política catalá, a liberdade exige rachar as costuras dumha legalidade corruta e opressiva. A desobediência às leis espanholas, a resistência firme e decidida frente a repressom espanhola, é condiçom imprescindível para a libertaçom nacional. Espanha nunca vai ceder às legítimas reivindicaçons democráticas e identitárias da Galiza polas boas, séculos de opressom testemunham-no.
Nom imos deixar passar esta oportunidade para engadir umha reflexom particular. @s combatentes galeg@s que decidimos empregar-nos na luita ilegal revolucionária tivemos que escuitar dúzias de vezes a ladainha de que ‘sem violência todo era possível’, apelos ao pacifismo...nalguns casos com bem intencionada inocência e noutros para agochar contradiçons e incapacidades...agora, perante um Estado que ensina o seu verdadeiro rosto anti-democrático, comprovamos como a realidade política se apresenta nidiamente, e confirma-nos que a luita pola libertaçom exige superar a legalidade vigente, contemplando a legitimidade de todos os métodos de luita perante a violência opressiva e a repressom política.
Terceira. Evidencia-se mais umha vez que a contradiçom principal que explica a opressom das naçons sem Estado é a nacional. No nosso País, a dialética Galiza-Espanha permite-nos compreender integralmente a opressom que sofre a maioria social do nosso povo, e interpretar aliás que através da luita independentista veicula-se a libertaçom social. A opressom do nosso povo emana do submetimento a Madrid, rachar com ele é o presuposto para a transformaçom social.
É mais, como vimos noutros momentos históricos, som as luitas nacionais do Estado as que agudizam as contradiçons políticas, face um esquerdismo tímido e acomplexado, incapaz de rachar com um regime de saqueio e corrupçom. A esquerda espanhola desdobra mais umha vez o seu tradicional papel de dique de contençom da luita popular, jogando à disuaçom e à confusom, preferindo a ‘unidade espanhola’ antes do que a ruptura do ordenamento jurídico imperialista e neo-liberal.
Ninguém duvidará que um Estado catalám ou galego permitirá melhoras substanciais nas condiçons sócio-económicas do povo e incrementará direitos e liberdades públicas desde um poder político próprio baseado na soberania nacional. Só desde um projecto de libertaçom nacional, constituído por por forças políticas exclusivamente galegas, som possíveis a Independência e o Socialismo.
Quarta. Podemos luitar para vencer. Sabemos que o imperialismo espanhol arrassa direitos e liberdades, aplica submissamente as agressivas receitas neoliberais que degradam a vida da cidadania, expólia recursos públicos e incrementa a desigualdade social; assinala, criminaliza e ataca a dissidência política; mas voltamos a ver como o inimigo espanhol arrasta feblezas características da sua genética política. Frente a ele, se nos implicarmos colectivamente com determinaçom e afouteza, podemo-lo todo.
Resistimos, seguimos em pé como País, mas podemos luitar com ambiçom e ilusom. Desde a unidade nacional é possível botá-los e conquerir a liberdade.
Vivemos um momento histórico que inaugurará umha nova fase política no Estado e na Galiza, todo é possível...Chamamos as forças políticas soberanistas a intensificarem as reivindicaçons democráticas e patrióticas com o horizonte político na construçom do Estado Galego, com o pleno convencimento de ser a única alternativa para a sobrevivência da Naçom.
Nom rematamos sem lembrar que nestas datas comemoramos duas efemérides assinaladas no calendário d@s revolucionári@s galeg@s: o 9 de Outubro cumprírom-se 50 anos da morte em combate do Comandante Ernesto ‘Che’ Guevara, e o 11 de Outubro ponhemos em valor a Galiza combatente no seu dia, institucionalizado polo independentismo a começos de século.
Ernesto ‘Che’ Guevara, o guerrilheiro heroico; sempre muito por cima de imagens estereotipadas e do marketing meramente estético do que tanto gosta o fugaz pensamento dominante e a esquerda post-moderna, reformista e impotente; ele resume na sua pessoa as extraordinárias qualidades que o convertêrom em modelo de revolucionário para tant@s combatentes em todo o mundo; integridade ética, estoicismo vital, pensamento profundo, inteligência visionária e estratégica, grande cultura, solidariedade, sensibilidade humana e disponibilidade para a acçom.
Sentenciava o Che: ‘o Socialismo é a ciência do exemplo’; pois bem, @s pres@s polític@s independentistas galeg@s recolhemos o seu exemplo e o d@s noss@s mártires e irmaos/ás que o dérom todo ou estivérom dispost@s a entregá-lo. Lembramo-los no Dia da Galiza Combatente, cert@s de que a sua memória forja as luitas presentes e futuras pola Pátria livre. Moncho Reboiras, Lola Castro, José Vilar, Martinho Samartim Bouça, sempre presentes!
Adiante a luita independentista!
Viva Galiza ceive!
DMQE
Outubro de 2017.