María Díaz, membro da plataforma Stop Despejos de Compostela, descrevia essa terrível situação antes de ser expulsada junto de mais 100 pessoas voluntárias no terreno na noite de segunda para terça (24 de maio). Díaz, que tem o apoio e solidariedade do coletivo galego a que pertence, mostra a sua preocupação pelo "trato degradante e a indefensão em que estão a viver milhares de refugiadas". O governo da Syriza considera prioritário restaurar as comunicações ferroviárias com a Macedónia - que atravessam o campo - antes do que garantir uma mínima segurança para as refugiadas que já estão a viver condições subumanas.
A Polícia grega começou ontem (23) manobras de desmantelamento do campo de refugiadas de Idomeni, com uma estratégia desumana: o corte de todos os fornecimentos de comida, água e leite que estavam entrando ao campo através do voluntariado internacional. Ao tempo, e depois de que as forças de segurança tomaram a zona militarmente, estão a expulsar da zona as mais de 100 voluntárias, impedindo que se fiscalize a preocupante manobra de deportação em autocarros.
Segundo as informações fornecidas pelo próprio executivo grego, estas pessoas estariam a ser transportadas para campos militarizados. Neles proíbe-se expressamente o acesso ao voluntariado internacional, uma declaração expressa do governo de Alexis Tsipras da vontade de descumprir a legislação humanitária básica. Poderão sim ser visitados pela imprensa, mas sem autorização para gravar vídeos ou tirar fotografias - segundo as últimas informações vigentes.
As famílias que não aceitam a sua deslocação à força para os campos militarizados estão a procurar novos realojamentos ao longo do território grego, rompendo-se as redes e o assentamento prévio existentes em Idomeni. A situação é de solidão e desespero absoluto, e, segundo explicava María Díaz hoje à Rádio Galega, obriga ao afastamento da fronteira, que ainda tinham a esperança de ver aberta para os e as refugiadas poderem continuar o seu caminho. O governo grego não está a facilitar informação clara nem sobre o direito ao assilo nem também não sobre o futuro imediato destas famílias, às que mesmo estão a dividir para o seu transporte não se sabe bem onde, explicam da Stop Despejos Compostela, que assegura que "a resistência contra a barbárie, as políticas desumanas e a luta pelo direito a uma vida digna está por cima das fronteiras", e enviam a seguinte mensagem: "Refugiadas, sois bem-vindas. A Galiza é lugar de acolhida".
O campamento de Idomeni chegou a ter cerca de 15.000 pessoas refugiadas, e se encontra na fronteira entre a Grécia e a Macedónia.