13/6/2017: Mattis promete nova estratégia no Afeganistão em meados de julho
O secretário de Defesa James Mattis prometeu na 3ª-feira apresentar ao Congresso uma nova estratégia militar para o Afeganistão até meados de julho (...)
15/6/2017: Cerca de mais de 4 mil novos soldados serão mandados para o Afeganistão
O Pentágono mandará mais 4 mil soldados norte-americanos para o Afeganistão, disse funcionário do governo Trump, na 5ª-feira, com a esperança de pôr fim a uma guerra que está passando para o terceiro sucessivo comandante-em-chefe norte-americano. [...]
A decisão tomada pelo secretário de Defesa Jim Mattis pode já ser anunciada na próxima semana, segundo o mesmo funcionário. Acontece imediatamente depois de Trump ter decidido dar a Mattis a autoridade para definir o nível das tropas (...).
Não faz sentido mandar mais soldados, se ninguém sabe a que estratégia eles devem visar. Até aqui não há qualquer outro meio para pôr fim à guerra no Afeganistão que não chega sair de lá. A desgraça em que a guerra do Afeganistão foi convertida só pode ter fim com a única grande decisão que faz sentido: a retirada. Enviar mais soldados antes de ter decidido quanto à estratégia praticamente prova que a retirada está excluída da lista das possibilidades a avaliar.
Mattis já ferrou todas as próprias chances, quando deixou que o Comando Central dos EUA se pusesse a bater cabeça em torno da passagem de fronteira de al-Tanf, entre Síria e Iraque. A pequena guarnição em al-Tanf é muito duvidosa em termos legais e, agora, está cercada por três lados. As únicas possibilidades que ainda restam aos EUA é retroceder para a Jordânia, ou iniciar uma grande guerra com Síria, Rússia e Irã. Muito mais provavelmente, guerra não é o que o governo Trump quer, ou coisa de que necessite. Mas a retirada, agora, será praticamente confessar que a decisão tática de atacar al-Tanf foi erro e no final, só rendeu só mais uma desmoralização para os EUA. Aqui outra vez, a tática comandava a estratégia:
A estratégia deve determinar a tática no que tenha a ver com lidar com elementos apoiados pelo Irã na Síria, não o contrário. Se não for assim, os EUA expõem-se ao risco de desperdiçar outros elementos do esforço de guerra na Síria, por razões mal definidas. Pode-se incluir aí distender ainda mais o já super distendido Comando de Operações Especiais e desgastar ainda mais violentamente outros elementos militares dos EUA — e tudo isso na tentativa de alcançar objetivos mal definidos e inalcançáveis. Os EUA têm meios e capacidades para defender uma pequena guarnição no deserto sírio. O que não têm é qualquer propósito ao fazer o que quer que façam (...).
Há quem goste de Mattis por causa da posição agressiva contra o Irã. A carreira dele só se destaca mesmo pelos vários massacres do qual participou (em Fallujah, 2004). Há quem diga que Mattis tem 7 mil livros. Duvido que, se leu, entenda alguma coisa deles. Provavelmente, nem leu os próprios livros.
Minha avaliação é que Mattis não passa de mais um dentre as dúzias de generais medíocres que os militares norte-americanos produzem. São oficiais incapazes de tomar decisões estratégicas consistentes. Sabem dirigir a máquina militar, mas essa é a parte fácil! Não têm nenhum real talento para a diplomacia, a economia ou para questões culturais. São incapazes de ver o mundo pelos olhos do outro lado. Jamais aprenderam talentos e técnicas que podem fazer de um comandante de bando, um estadista.
General McMaster, atual Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, também parece ser homem só de táticas, não de estratégia. Com certeza é isso. Se não for, como se explica que até agora ninguém tenha visto qualquer consistência em qualquer dos grandes jogos que os EUA deveriam saber jogar?
A reação ao incêndio no Conselho de Cooperação do Golfo foi caótica. Até hoje não se vê plano algum para o Afeganistão, Iraque ou Síria. O 'pivô para a Ásia' parece morto. As políticas atuais são reativas; não são parte de visão mais ampla ou de esquema que faça qualquer sentido.
O grande esquema teria de partir de uma decisão política, dali para uma estratégia (militar) e, então, para decisões táticas. O que temos hoje são táticas 'determinando' uma estratégia e essa estratégia é que 'determina' as políticas!
É preciso agradecer, especialmente os estrangeiros, que a política externa dos EUA esteja em estado tão miserável. Mas pode haver grave dano a qualquer momento, por decisões táticas mal pensadas, ou por alguma resposta emocional a algum evento – se os EUA não têm general capaz de pensar todo o grande quadro. E esse grave dano, nessas circunstâncias, sempre será maior e mais grave que qualquer dano que estratégia política mais bem ponderada poderia algum dia causar.*****