O processo da super-exploração imperialista libertou-se de todos os limites geográficos pela revolução científica-tecnológica e pode agora ser praticada onde quer que haja mão de obra disponível. O efeito deste processo na consciência dos trabalhadores é profundo. A exportação de capital era antes usada para forjar um estrato superior na classe operária dos países imperialistas, para amaciar a luta de classes e promover estabilidade social. Com a nova divisão mundial do trabalho, a exportação de capital serve para rebaixar os níveis de vida da classe operária dos países imperialistas, dizimar as camadas superiores dos trabalhadores e de sectores das classes médias, e destruir a garantia de trabalho e os benefícios sociais.
Isto vai inevitavelmente minar as bases da estabilidade social. Criará condições para reavivar a guerra de classes nas próprias metrópoles das gigantescas empresas exploradoras. Mais, a expansão mundial da socialização dos processos de trabalho e o crescimento rápido da classe operária internacional torna a solidariedade de classe através das fronteiras contra o imperialismo um imperativo.
Antes da crise económica de 2007, a maioria da classe operária dos EUA tinha já sofrido três décadas de declínio dos salários e benefícios. Nesse período, os trabalhadores travaram uma dura mas perdida batalha contra uma campanha antilaboral implacável, repressiva que começou com a administração Reagan. Conduziram muitas lutas poderosas contra cortes de salários e de benefícios mas foram traídos por uma liderança sindical conservadora, ligada ao Partido Democrático — na verdade ligada à classe dominante. Essa liderança levou a um recuo humilhante.
Mas as condições da crise hão-de ditar a revolta. Os sinais da resistência a partir de baixo vão crescer em frequência e intensidade à medida que a crise se aprofunda, e os trabalhadores e as comunidades estiverem sob pressão ainda maior. Ninguém sabe quando e como a luta vai crescer e alastrar. A única certeza é de que isso acontecerá.
É extremamente importante perceber a natureza profunda da presente crise. Depois de despejar biliões de dólares para estancar a crise, as classes dominantes continuam incapazes de controlar o seu sistema através da intervenção financeira. Estamos nos começos de uma crise histórica.
É importante que todos os que lutam para nos vermos livres do capitalismo reconheçam isto. Se podemos prever acontecimentos tumultuosos e grandes pressões sobre as massas que estão para vir, também podemos prever as oportunidades e os desafios. Temos de imaginar os trabalhadores dos países imperialistas, especialmente no centro do imperialismo mundial, os EUA, não como estavam ontem sob condições de caça às bruxas e reacção, não como estão hoje, nas mãos de líderes sindicais vendidos e políticos capitalistas, mas como estarão amanhã em condições completamente transformadas de um capitalismo em colapso e num beco sem saída.
Mas a consciência de classe revolucionária e a organização revolucionária, ambas necessárias para os trabalhadores e oprimidos conduzirem a sua luta para sair da crise, não aparecem espontaneamente. Revolucionários com consciência de classe, empenhados em ajudar os trabalhadores, têm um papel indispensável a desempenhar no enfrentamento da crise e na preparação de lutas futuras.
A longo termo, a única estrada de verdadeira recuperação da presente crise capitalista, a verdadeira recuperação pela classe operária e pela vasta maioria da humanidade, é libertar-nos todos do capitalismo e reorganizar a sociedade numa base socialista, em que todas as forças de produção e distribuição são operadas pela necessidade humana, em harmonia com a natureza, e não pela ganância e o lucro.
(*) Extractos de O capitalismo num beco sem saída, Fred Goldstein, World View Forum, New York, 2012
Ver https://www.workers.org/