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Diário Liberdade
Sábado, 06 Janeiro 2018 21:32 Última modificação em Quarta, 10 Janeiro 2018 20:21

A Origem do movimento Antifascista

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/ Antifascismo e anti-racismo / Fonte: Esquerda Diário

[Wladek Flakin] Uma curta análise histórica sobre o movimento “Antifa”, como ficou conhecido o movimento de ação antifascista.

Durante o início da década de 1930 o movimento nazista se tornava cada vez mais forte na Alemanha: nas eleições de 1930 viram seus votos serem multiplicados por seis, alcançaram, em um primeiro momento, 18% dos votos e em meados de 1932 atingiram a marca de 37%.

Entretanto os nazistas não estavam interessados principalmente nas eleições, com uma frequência cada vez maior assaltavam, sequestravam e assassinavam seus opositores. Toda organização alemã do movimento de trabalhadores estava sob o ataque direto e constante dos nazistas: os sindicatos, o Partido Socialdemocrata da Alemanha (SPD) e o Partido Comunista Alemão (KPD).

Uma resistência unificada entre os trabalhadores poderia ter derrotado o Nazismo. Algo importante de se ter em mente é que nas eleições de 1933 o SPD e o KPD juntos tiveram um total maior de votos que o de Hitler.

No entanto a ação coordenada contra o fascismo esteve ausente, os militantes do SPD chamavam os do KPD de “fascistas pintados de vermelho” e algo parecido com “comunazis” no idioma alemão. Por outro lado, os militantes do KPD os chamavam de “social fascistas”, agindo desta forma nenhum dos dois partidos planejava ceder; se relacionar com “fascistas” para enfrentar outros fascistas nem sequer era discussão.

Então, como pensaram que poderiam se defender dos nazistas? O SPD supôs que o Estado, a constituição de Weimar e a polícia lhes protegeriam. O KPD, por outro lado, lutou ativamente contra os bandos de Sturmabteilung (os camisas pardas) crendo que sozinhos, sendo uma minoria radical, poderiam derrotar os nazistas.

O que significa Frente Única?

Ambos os partidos erraram, uma real frente única unida contra o fascismo era necessária, esta teria significado “golpear juntos, marchar separados”, em outras palavras, ambos poderiam defender e promover seu próprio programa político, mas no momento da ação trabalhar em equipe.

O SPD e o KPD tinham enormes diferenças. O SPD ainda tentava reformar e administrar o capitalismo, o qual se encontrava em profunda crise. O KPD buscava a revolução socialista. Ainda assim poderiam ter coordenado ações concretas. Um trabalhador do KPD poderia ter dito a outro do SPD: “A política de nossas organizações é incompatível, mas quando os fascistas vierem esta noite destruir a sede de sua organização, estarei aqui com um fuzil em mãos para lhe apoiar, se você prometer apoiar a nossa organização quando também nos encontrarmos sob ataque do fascismo”.

Muitas pessoas reconheciam a ameaça do fascismo, e faziam o chamado a uma frente única, ainda assim tanto o SPD como o KPD se negaram. Em vez de golpear juntos, ambos criaram grupos de “unidade” com seus próprio círculos de contatos. O SPD criou o “Eiserne Front” (Frente de Ferro) composto por seus militantes e alguns liberais, o qual dependia basicamente da força policial da burguesia para combater os nazistas.

O KPD fundou a “Antifaschistische Aktion” (Ação Antifascista) que oficialmente estava aberta a quem quisesse se somar, inclusive para membros do SPD, mas teriam que aceitar ataques do mesmo grupo o qual seu partido fazia parte, uma vez que se supunha que os membros do SPD deixariam seu partido antes de se juntarem a Ação Antifascista, evidentemente nunca aconteceu dessa maneira.

A esta altura o SPD havia se convertido em um partido capitalista e corrupto, mas ainda seguia sendo o partido com a maior quantidade de trabalhadores organizados na Alemanha. Sem seus membros a luta contra os nazistas era impossível.

Estas fissuras políticas continuaram até o dia 30 de janeiro de 1933, quando as elites alemãs entregaram o poder a Hitler. Depois disso, o movimento de trabalhadores de maior amplitude do mundo foi esmagado pelos Camisas Pardas e a polícia. Uma derrota sem luta é a pior de todas, como diz o ditado; o movimento de trabalhadores se manteve dividido “até que encontrou unidade em um mesmo lugar, os campos de concentração”.

Quais são as lições que podemos tirar hoje deste episódio?

Não podemos confiar no Estado burguês para que enfrente a ultra-direita fascista por nós. Necessitamos de uma ação massiva e geral contra o fascismo, demonstrações de força, bloqueios e militância ativa.

A luta Antifascista não pode ser lavada a cabo por uma minoria radical por si só, duzentos antifascistas podem bloquear os trilhos de um trem, algo que pode ser feito caso um motorista negue-se a realizar o transporte. Duzentos antifascistas podem deter a deportação bloqueando os aeroportos ou simplesmente um piloto pode se negar a levar-los, conseguindo provavelmente o mesmo resultado.

Ações de minorias estão sendo cada vez mais sendo tomadas como alternativa ou solução a avanços conservadores, mas somente organizando as massas de trabalhadores que estas ações serão efetivas, planejadas e coordenadas. Somente a classe trabalhadora tem o poder para conquistar as demandas sociais e democráticas das massas oprimidas e exploradas.

Esta nota é uma tradução de seu original: The Origins of Antifa, publicada no Left Voice.

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