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Diário Liberdade
Sábado, 19 Novembro 2016 08:06 Última modificação em Sábado, 19 Novembro 2016 14:13

Reação da juventude estadunidense: somente o socialismo pode derrotar Trump!

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País: Estados Unidos / Batalha de ideias / Fonte: Esquerda Marxista
contra o capitalismo!", um balanço marxista sobre o resultado da eleição para a Casa Branca]

Um dia após a eleição, os estadunidenses acordaram para se encontrar em um “mundo novo e estranho”. The Washington Post qualificou a vitória de Trump como uma “história cataclísmica e perturbadora”. De acordo com informações privilegiadas, o Comitê Nacional Republicano e o próprio Donald Trump não esperavam o resultado.

“Quando me encontrava na metade do caminho de nossa vida,

Vi-me perdido em uma selva escura,

E a minha vida não mais seguia o caminho certo.

 

Ah, como é difícil descrevê-la!

Aquela selva era tão selvagem, cruel, amarga,

Que a sua simples lembrança me traz de volta o medo.

 

Creio que nem mesmo a morte poderia ser tão terrível.

Mas, para que eu possa falar do bem que dali resultou,

Terei antes que falar de outras coisas, que do bem, passam longe”

(Dante Alighieri, A Divina Comédia, Inferno, Canto 1)

Os dois mandatos de G. W. Bush viram milhões de pessoas nas ruas protestando por sua “eleição” e pelas guerras que se seguiram contra o terrorismo e o mundo. Em comparação, os oito anos sob Obama foram tempos relativamente calmos para a luta de classes, com poucos protestos de massas, marchas sobre Washington ou greves importantes. A Grande Recessão teve um efeito sóbrio, a liderança operária se movimentou para a direita, tremendo de medo do “mal maior” e, apesar de um punhado de importantes surtos, uma certa apatia e cinismo se infiltraram.

Este período terminou na noite de 8 de novembro. Embora Trump só vá ser empossado no dia 20 de janeiro de 2017, já entramos em um novo período, um período em que as pressões acumuladas e as contradições das últimas décadas emergirão rugindo à superfície. O passado não é uma indicação do futuro. As condições e a consciência mudaram e estão mudando – e este é só o começo. Assim como a vitória de Trump fez com que o Brexit parecesse uma brincadeira de crianças, a escala da luta de classes que está na agenda dos próximos anos colocará o Levantamento de Wisconsin, o movimento Occupy, Black Lives Matter e o movimento em torno de Bernie Sanders na sombra.

A reação da juventude

Foto: Protesto estudantil na UCLA no dia seguinte ao anúncio da vitória de Donald Trump. Foto: Jason Hibono

Enquanto milhões de operários e trabalhadores rurais estadunidenses mostravam seu duplo dedo médio aos 1%, milhões de outros trabalhadores e jovens fizeram o seu melhor para digerir a pílula amarga do fracasso do mal menor. Milhões estão realmente traumatizados, genuinamente entristecidos e compreensivelmente perturbados. Eles não podem imaginar um mundo em que um bilionário valentão e intolerante seja o máximo funcionário da vida política americana. Mas inúmeros outros estão indignados, visceralmente afetados e dispostos a lutar.

Às primeiras horas de 9 de novembro, momentos após os resultados serem anunciados, irromperam protestos espontâneos por todo o país, de Pittsburgh a Portland. Enquanto os apologistas liberais dos crimes e fracassos de Clinton e os Democratas entravam em pânico e desapareciam, os instintos da juventude radicalizada ganhavam vida. Este é o movimento Sanders 2.0, que já não tenta mais reformar os Democratas através de primárias e cáucuses, mas derramando-se emocionalmente nas ruas para deixar claro que se recusam a viver em um país onde o racismo, o sexismo, a homofobia, a pobreza, o desemprego e a falta de moradias se transformem em uma infecção.

Em questão de horas, dezenas de reuniões de emergência e protestos foram organizados na mídia social, de New York City a Indiana, de Oakland a Minneapolis. Estudantes secundaristas de várias escolas fizeram greves e foram realizadas manifestações em dezenas de campuses universitários. Alguns manifestantes queimaram a bandeira americana, enquanto cânticos de “Foda-se Trump!” “Não é meu presidente!” “Racista, Sexista, KKK! Donald Trump fora!”, soavam das gargantas de milhares de pessoas que marchavam por Manhattan para se reunirem do lado de fora da Torre Trump. O ânimo foi resumido por Adam Brayer, um estudante da Universidade de Berkeley: “Não podemos simplesmente nos sentar e deixar um racista e sexista tornar-se presidente.... Ele nos fez parecer detestáveis ao resto do mundo. Este é o início de um movimento”.

Os camaradas da seção americana da CMI participaram energicamente de uma dúzia desses comícios, com a nova e ainda quente edição de Socialist Appeal sendo vendida na marcha em Nova Iorque. O entusiasmo e o elã dos contínuos protestos são um espetáculo a ser visto. Mostram o potencial revolucionário que existe em centenas de cidades grandes e pequenas por todo o continente do país. As manifestações e reuniões devem e podem continuar. No entanto, se os trabalhadores e a juventude da América e do mundo querem um futuro melhor, protestar não será suficiente. Nossa tarefa histórica não é meramente a de registrar o nosso descontentamento com o sistema, mas dar um fim a ele de uma vez por todas.

Crise e luta

Trump governará uma crise econômica e social de proporções titânicas. Ele não será capaz de cumprir suas promessas. Milhões já perderam suas ilusões com o sistema e outros milhões os seguirão. Prever os resultados precisos da eleição era impossível, mas podemos ter certeza de uma coisa: nas semanas e anos que se avizinham, a luta de classes se intensificará, com avanços e recuos, nas fábricas, nos campuses e nas ruas.

Informou-se que o site da imigração canadense veio abaixo no dia da eleição. Aparentemente, muitos americanos pensam que fugindo do país podem resolver seus problemas. Mas a crise do capitalismo é global – não há como escapar dela. Do Canadá à Escandinávia, todas as conquistas das lutas passadas da classe trabalhadora estão sendo reduzidas. Quando enfrentamos nossos inimigos de classe, quando se trata de uma escolha entre lutar ou fugir, devemos seguir o exemplo da juventude e lutar!

Trump não é nem a verdadeira face nem o futuro da América. Quase a metade de todos os eleitores absteve-se de votar na eleição. Milhões de eleitores sequer se molestaram a votar desta vez, muito mais do que nas eleições de 2008 e 2012, apesar de uma população crescente. Apenas 25% da população eleitora emitiram seu voto para Trump. Muitos deles o fizeram apenas para protestar contra o status quo, apesar de sua intolerância, e não devido a ela.

A vida ensina e aprendemos da experiência. A vitória de Trump servirá de despertador, um duro lembrete de que a mudança não pode ser meramente “uma fé” ou “uma esperança” no abstrato. Ela não virá votando nos partidos do status quo. Teremos que lutar por ela. Os americanos estão enfermos com o status quo e querem uma mudança. Querem tomar seus destinos em suas próprias mãos. Querem empregos de qualidade, saúde, educação, segurança e qualidade de vida crescente para eles e seus seres queridos. Sob o capitalismo, nada disto é possível. Quer saibam ou não, o que eles querem é a revolução socialista. Este é o caminho em que nos encontramos agora.

Não será fácil, e não será da noite para o dia, mas podemos tornar isto uma realidade no transcorrer de nossas vidas. A lição clara da eleição de terça-feira é que, nas palavras de Frederik Douglas, “se não há luta, não há progresso”. A vida é uma luta e devemos abraçá-la. O que está pela frente é um período emocionante de luta por uma vida melhor para todos. O exemplo da juventude deve encher-nos de entusiasmo e otimismo pelo futuro.

Somente o socialismo pode derrotar Trump! Junte-se à CMI na luta por um mundo melhor!


Artigo publicado originalmente em 10 de novembro de 2016, no site da Corrente Marxista Internacional (CMI), sob o título "US Youth Fight Back: Only Socialism Beats Trump!".

Tradução Fabiano Leite.

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