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Mas NÓS-UP é simplesmente umha das peças rotas de um cenário absolutamente devastado. Porque pouco depois “suspendem de atividade” (ou seja, ilegalizam na prática) a Causa Galiza. O BNG leva umha malheira descomunal nas duas últimas convocatórias de eleiçons gerais, situando-se num nível de votos que o deixaria fora do Parlamento da Galiza, se extrapolarmos os resultados a umhas eleiçons autonómicas. E ainda mais. Como nom podia ser de outra maneira, começam a se escuitar vozes de protesto em Anova, porque alguns já estám a cheirar que o outrora marginal espanholismo de esquerda está a lhe fazer a cama ao nacionalismo galego.
Agora aparecem manifestos por toda a parte, fazendo chamados à reunificaçom, a voltar às essências; alguns parece que querem ressuscitar o Partido Galeguista apelando ao galeguismo como a raíz na que nos temos que reencontrar e da que jamais nos deveriamos desviar. O galeguismo é um movimento superado polo próprio Partido Galeguista, quando o Partido Galeguista se auto-proclama partido nacionalista, isto é algo que cumpriria ter em conta. Polo demais parece que entre esses chamados, contraditórios ou complementares entre si, existe o comum denominador de difuminar-se para nom disolver-se...difuminemos o perfil nacionalista, difuminemos o perfil de esquerda, ou o que é o mesmo...difuminemos a ideia de naçom e/ou difuminemos o conceito de classe
De unidades
É umha máxima vital minha: sou desconfiado, e portanto ponho-me em guarda perante os chamados à unidade. Quando me falam da unidade da esquerda sempre me pergunto “e a esquerda o quê é? Onde lhe ponhemos o começo e o final a esse conceito?” e quando me falam da unidade do nacionalismo, sempre digo que eu sou independentista. Resulta-me bastante difícil imaginar-me militando numha mesma organizaçom com alguém que nom é independentista. Porque se nom ser independentista é estar contra a independência, o quê é que nos pode unir? Parece-me absolutamente legítimo que o BNG pretenda umha reunificaçom com Compromiso por Galicia, Anova e Cerna. A questom é se nacionalismo e independentismo som o mesmo campo político, que eu acho que nom ainda que estejamos condenados a nos entender. E, por outra parte, o encaixe de umha força ou corrente anti-capitalista num mesmo parachuvas com Compromiso por Galicia simplesmente parece-me impossível. Outra cousa som partidos revisionistas como a UPG. Umha refundaçom/reunificaçom do nacionalismo mais institucional pareceria-me bem, mas eu nom vou participar.
A tarefa do independentismo neste momento deveria ser (entendo eu) a construçom de umha estrutura partidária sob eixos ideológicos comuns e básicos, abandonando práticas caprichosas e improdutivas nos tempos que correm. Esses eixos som a innegociável independência, o necessário socialismo, o ineludível anti-patriarcalismo e eu acrescentaria o ambientalismo (opiniom muito particular minha, que nom pretendo que vaia a misa) Criar umha força política incorruptivelmente independentista com um funcionamento democrático e com um modelo de intervençom e uns presupostos ideológicos que permitam militar a um espectro grande e diverso de gente. Desde logo, nom valem organizaçons maximalistas que “mal-eduquem” ao pessoal no ódio aos desviados nem valem delírios guerrilheiristas que encham os cárceres de força jovem que deveria estar dando candela na rua, ou aportando ideias e conhecimento na vida partidária e nom papando chabolo para converter-se num auto-colante. Isso chama-se amor à marginalidade. Uns e outros vam ter que assomir a realidade e aceitar que fazer política é outra cousa. Temos que chegar a essa cousa tam diversa que é o Povo Trabalhador Galego e para isso há que participar de verdade nos seus conflitos.
Mas quero insistir em que, se por um lado nom adianta nada permanecer no nosso rol de illuminati, também nom é a nossa soluçom converter-nos numha força de choque ao serviço do nacionalismo institucional como alguns sonham.
De essências
Se nalgumha cousa se distingue o independentismo revolucionário do nacionalismo institucional, é em que nós nom somos essencialistas que apelem a umha identidade estática e que pretendam que, umha sociedade que nom se vê reflectida nessa identidade estática conformada por símbolos, acabe assomindo-a como própria. O essencialismo dá voltas sobre si próprio e quando entra em crise só pode propôr a reafirmaçom na fé.
O independentismo tem umha tarefa muito concreta de auto-reciclagem contínua...a soluçom á nossa situaçom de opressom nacional, de classe e de género e, num plano eu diria que parelho, a destruçom do nosso méio físico e natural, é a independência (termo que, a diferença do BNG nunca edulcoraremos com outras palavras que som do mesmo campo semántico mas que nom som sinónimos em nengum caso) e o socialismo constroido sob parámetros de igualdade entre homens e mulheres e liberdade sexual plena, de racionalidade na exploraçom dos recursos naturais e de coexistência armónica com o ecosistema.
Conclusom
Nom sou eu ninguém para dizer-lhe a outras pessoas o que devem fazer, mas em conseqüência com o que acabo de expôr, acho que a crise do nacionalismo institucional e o auto-colapso da esquerda independentista som duas questons diferentes. O BNG tem todo o direito a intentar reinventar-se, refundar-se, ensaiar reunificaçons com correntes escindidas...isso nom significa que eu ache que a soluçom para o independentismo seja integrar-se num processo de refundaçom do nacionalismo. Em todo caso haverá que pensar em projetos capazes de resultar atraentes a esse sector tam diverso da sociedade galega que se sente independentista e de esquerda.