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Diário Liberdade
Segunda, 18 Julho 2016 05:53 Última modificação em Segunda, 18 Julho 2016 20:37

A encruzilhada da esquerda patriótica: voltas às essências e chamados à unidade

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Ramiro Vidal

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[Ramiro Vidal] Nom pretendo que a minha voz sone mais alto do que as outras nem que a minha opiniom seja concevida como umha opiniom com umha especial autoridade. Estou incardinado na esquerda patriótica galega como simpatizante de diferentes organizaçons desde que tenho uso de razom política e como militante de diferentes estruturas há uns vinte anos. Sempre me situei nesse espectro e nom creio que me vaia mover daí enquanto viver. Nestes momentos ando orfo de militança, já que a última organizaçom na que militei desapareceu. Nom quero ser pretencioso, mas tenho que dizer que muitos dos argumentos que escuito entre os diferentes bandos nos que se fracturou o que um dia foi NÓS-UP e o movimento que tinha à sua volta som críticas que um dia eu intentei formular, sendo desprezadas por pessoas que agora as esgrimem todas cheias de razom. Enfim, depois alguns se queixam da minha retranca, pois já me diredes quê lhe fica a quem no seu momento nom é escuitado e em poucos messes oi repenicar o que antes lhe quixerom silenciar.


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Mas NÓS-UP é simplesmente umha das peças rotas de um cenário absolutamente devastado. Porque pouco depois “suspendem de atividade” (ou seja, ilegalizam na prática) a Causa Galiza. O BNG leva umha malheira descomunal nas duas últimas convocatórias de eleiçons gerais, situando-se num nível de votos que o deixaria fora do Parlamento da Galiza, se extrapolarmos os resultados a umhas eleiçons autonómicas. E ainda mais. Como nom podia ser de outra maneira, começam a se escuitar vozes de protesto em Anova, porque alguns já estám a cheirar que o outrora marginal espanholismo de esquerda está a lhe fazer a cama ao nacionalismo galego.

Agora aparecem manifestos por toda a parte, fazendo chamados à reunificaçom, a voltar às essências; alguns parece que querem ressuscitar o Partido Galeguista apelando ao galeguismo como a raíz na que nos temos que reencontrar e da que jamais nos deveriamos desviar. O galeguismo é um movimento superado polo próprio Partido Galeguista, quando o Partido Galeguista se auto-proclama partido nacionalista, isto é algo que cumpriria ter em conta. Polo demais parece que entre esses chamados, contraditórios ou complementares entre si, existe o comum denominador de difuminar-se para nom disolver-se...difuminemos o perfil nacionalista, difuminemos o perfil de esquerda, ou o que é o mesmo...difuminemos a ideia de naçom e/ou difuminemos o conceito de classe

De unidades

É umha máxima vital minha: sou desconfiado, e portanto ponho-me em guarda perante os chamados à unidade. Quando me falam da unidade da esquerda sempre me pergunto “e a esquerda o quê é? Onde lhe ponhemos o começo e o final a esse conceito?” e quando me falam da unidade do nacionalismo, sempre digo que eu sou independentista. Resulta-me bastante difícil imaginar-me militando numha mesma organizaçom com alguém que nom é independentista. Porque se nom ser independentista é estar contra a independência, o quê é que nos pode unir? Parece-me absolutamente legítimo que o BNG pretenda umha reunificaçom com Compromiso por Galicia, Anova e Cerna. A questom é se nacionalismo e independentismo som o mesmo campo político, que eu acho que nom ainda que estejamos condenados a nos entender. E, por outra parte, o encaixe de umha força ou corrente anti-capitalista num mesmo parachuvas com Compromiso por Galicia simplesmente parece-me impossível. Outra cousa som partidos revisionistas como a UPG. Umha refundaçom/reunificaçom do nacionalismo mais institucional pareceria-me bem, mas eu nom vou participar.

A tarefa do independentismo neste momento deveria ser (entendo eu) a construçom de umha estrutura partidária sob eixos ideológicos comuns e básicos, abandonando práticas caprichosas e improdutivas nos tempos que correm. Esses eixos som a innegociável independência, o necessário socialismo, o ineludível anti-patriarcalismo e eu acrescentaria o ambientalismo (opiniom muito particular minha, que nom pretendo que vaia a misa) Criar umha força política incorruptivelmente independentista com um funcionamento democrático e com um modelo de intervençom e uns presupostos ideológicos que permitam militar a um espectro grande e diverso de gente. Desde logo, nom valem organizaçons maximalistas que “mal-eduquem” ao pessoal no ódio aos desviados nem valem delírios guerrilheiristas que encham os cárceres de força jovem que deveria estar dando candela na rua, ou aportando ideias e conhecimento na vida partidária e nom papando chabolo para converter-se num auto-colante. Isso chama-se amor à marginalidade. Uns e outros vam ter que assomir a realidade e aceitar que fazer política é outra cousa. Temos que chegar a essa cousa tam diversa que é o Povo Trabalhador Galego e para isso há que participar de verdade nos seus conflitos.

Mas quero insistir em que, se por um lado nom adianta nada permanecer no nosso rol de illuminati, também nom é a nossa soluçom converter-nos numha força de choque ao serviço do nacionalismo institucional como alguns sonham.

De essências

Se nalgumha cousa se distingue o independentismo revolucionário do nacionalismo institucional, é em que nós nom somos essencialistas que apelem a umha identidade estática e que pretendam que, umha sociedade que nom se vê reflectida nessa identidade estática conformada por símbolos, acabe assomindo-a como própria. O essencialismo dá voltas sobre si próprio e quando entra em crise só pode propôr a reafirmaçom na fé.

O independentismo tem umha tarefa muito concreta de auto-reciclagem contínua...a soluçom á nossa situaçom de opressom nacional, de classe e de género e, num plano eu diria que parelho, a destruçom do nosso méio físico e natural, é a independência (termo que, a diferença do BNG nunca edulcoraremos com outras palavras que som do mesmo campo semántico mas que nom som sinónimos em nengum caso) e o socialismo constroido sob parámetros de igualdade entre homens e mulheres e liberdade sexual plena, de racionalidade na exploraçom dos recursos naturais e de coexistência armónica com o ecosistema.

Conclusom

Nom sou eu ninguém para dizer-lhe a outras pessoas o que devem fazer, mas em conseqüência com o que acabo de expôr, acho que a crise do nacionalismo institucional e o auto-colapso da esquerda independentista som duas questons diferentes. O BNG tem todo o direito a intentar reinventar-se, refundar-se, ensaiar reunificaçons com correntes escindidas...isso nom significa que eu ache que a soluçom para o independentismo seja integrar-se num processo de refundaçom do nacionalismo. Em todo caso haverá que pensar em projetos capazes de resultar atraentes a esse sector tam diverso da sociedade galega que se sente independentista e de esquerda.

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