O banco de investimento Goldman Sachs anunciou sexta-feira ter recrutado o exPresidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso. Será conselheiro e presidente não executivo das suas atividades internacionais e ajudará o banco a orientar os seus clientes “num contexto económico e de mercado difícil e incerto”, escrevem num comunicado os codiretores gerais da Goldman Sachs International, Michael Sherwood e Richard Gnodde.
José Manuel Barroso presidiu ao Executivo europeu de 2004 a 2014, após ter sido Primeiro-ministro de Portugal de 2002 a 2004 ... e, anteriormente, líder de um grupo maoísta, o MRPP, que atacou e continua a atacar o PCP. O seu contrato ocorre num período cheio de incertezas, depois do voto dos britânicos a favor da saída do seu país da União Europeia, em 23 de junho último.
Fanaticamente europeísta, o jornal Libération escreveu, com consternação: “Isto vem no pior momento e é um símbolo desastroso para a União e um golpe de sorte para os eurófobos; pois é suposto que um Presidente da Comissão encarna, para lá do seu mandato, os valores europeus, que não são precisamente os da finança desenfreada que é encarnada na Goldman Sachs – todos os antigos Presidentes da Comissão, que beneficiam de uma confortável pensão destinada a preservá-los de tentações, têm, até agora, sabido evitar uma tal mistura de géneros”.
Ele passou do colarinho à Mao, anticomunista, para o colarinho à NATO, igualmente anticomunista.
Mas a moral e as convicções nunca foram apanágio deste antigo presidente dos estudantes maoístas (MPRP) – que denunciava o PCP e A. Cunhal como socialfascista (sic). Atlantista militante, organizou a “Cimeira dos Açores”, em 2003, com os Estados Unidos, a Espanha e a Grã-Bretanha, em que foi declarada guerra contra o Iraque. Mais tarde, teve um papel tortuoso na transferência de prisioneiros iraquianos para Guantanamo, deixando que os aviões da CIA utilizassem os aeroportos e o espaço aéreo portugueses.
Para terminar, coloquemos três perguntas ao Libération: Que jornal apoia, sem falhas, a NATO e a UE? O Libération.
Quem sempre denunciou Barroso e o sistema que permite a essa gente transferir-se constantemente do público para o privado e vice-versa? Nós, os verdadeiros comunistas – e damos a isso o seu nome verdadeiro: não “liberalismo”, mas capitalismo monopolista de Estado.
É verdade que, como disse o Libé, ao deixar a UE pela alta banca de investimento, Barroso “traiu os valores europeus”? Não, pelo contrário, ele revela-os e realiza-os plenamente.
Mas estejamos gratos ao cinismo No Borders [sem fronteiras - NT] da Goldman Sachs, que mostra mais uma vez que são os mestres da UE. Esta fusão de pessoas da banca mais corrupta do mundo com o ex-patrão da Comissão Europeia deveria abrir os olhos mais fechados... não é, senhor Laurent? A UE “social”, cara ao Partido da Esquerda Europeia, presidida por Pierre Laurent (PCF) está em marcha: apostamos que o salário de Barroso não será prejudicado pela euro-austeridade...
1 P. Laurent: Secretário nacional do chamado Partido Comunista Francês (PCF) e Presidente do chamado Partido da Esquerda Europeia (PEE). – [NT]
Publicado em: http://www.initiative-communiste.fr/articles/billet-rouge-2/goldman-sachs-se-paye-barosoou-de-la-nature-de-classe-de-lue-par-aris/
Tradução do francês de PAT
Colocado em linha em: 2016/08/05