A multidão se manifestou em defesa da Constituição, da paz e do presidente Maduro, marchando até o Palácio de Miraflores, sede do governo, onde discursou o líder chavista, de volta ao país após viagens diplomáticas.
“[A Assembleia Nacional] tem um único objetivo: prejudicar a Venezuela”, denunciou Maduro, acrescentando que o povo de seu país não vai “permitir golpe parlamentar de nenhum tipo”.
O presidente venezuelano se refere às recentes tentativas da oposição, que é maioria na Assembleia Nacional (parlamento), de depor seu governo.
No último domingo (23), a MUD (Mesa de Unidade Democrática) declarou que houve uma “ruptura da ordem democrática” após o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) decidir suspender temporariamente a coleta de um por cento das assinaturas para ativar o referendo revogatório contra o presidente da República. A suspensão se deu devido aos inúmeros indícios de fraude na coleta de assinaturas.
A oposição também tentou aplicar um golpe parlamentar ao buscar derrocar Maduro do cargo com a desculpa de que ele havia deixado o país para viagens de negociação em relação ao preço do petróleo sem autorização parlamentar. Isso, segundo os opositores, seria motivo para restituir o presidente da República.
A FANB (Força Armada Nacional Bolivariana) repudiou as ações da oposição na Assembleia Nacional. “Essa conduta sistemática não é senão um mecanismo sub-reptício e perverso de promover o intervencionismo ou inclusive a incursão de uma potência estrangeira em território nacional, com o qual aspiram de forma vil materializar suas obscuras ambições de poder”, declarou Vladimir Padrino López, ministro da Defesa da Venezuela.
Nesta terça-feira, em seção especial, a Assembleia Nacional (AN) aprovou o início do processo de avaliação e determinação de responsabilidade político de Maduro pela suspensão temporário do processo em direção ao referendo revogatório e por supostos descumprimentos de seus deveres, não garantindo liberdades políticas, econômicas e sociais dos cidadãos.
Afirmaram que há argumentos suficientes para implementar sanções administrativas e penais contra o presidente da República. Além disso, o presidente da AN, Henry Ramos Allup (MUD), anunciou que na próxima semana irá até a OEA (Organização dos Estados Americanos) para solicitar a aplicação da Carta Democrática deste órgão para que se aplica severas sanções contra a Venezuela. Dessa forma, a oposição leva a cabo quatro ações paralelas com o objetivo de desestabilizar a situação política do país e retirar o mandato de Maduro.
Entretanto, a Constituição da Venezuela não prevê a figura do julgamento político de responsabilidade contra o presidente da República. A única forma constitucional seria utilizar o Artigo 222 da Constituição, que indica “declaração de responsabilidade política” de funcionários públicos. Para isso, a AN deve se dirigir ao Poder Cidadão para que este, se julgar legal o processo, o encaminhará para a decisão final do Tribunal Supremo de Justiça. O modo como a oposição está tentando impor os seus interesses é inconstitucional, avaliam os especialistas.
O presidente chamou mais uma vez a oposição ao diálogo. Pretende se reunir com os representantes máximos do Poder Eleitoral, do Tribunal Supremo de Justiça, do Poder Moral Republicano e com Henry Ramos Allup, radical opositor do governo, líder da AN. Será discutida a tentativa de golpe parlamentar do último domingo, neste encontro entre os representantes dos poderes públicos no Conselho de Defesa da Nação, como previsto na Constituição venezuelana.
Os principais dirigentes da MUD se declaram dispostos ao diálogo e até mesmo o Vaticano se ofereceu para mediar as negociações entre governo e oposição.
Por outro lado, Henrique Capriles, governador do estado de Miranda e instigador da oposição extremista ao governo bolivariano, desestimula o diálogo. Ele convocou novas ondas de desestabilização contra o governo para os próximos dias, no que chamou da “tomada da Venezuela” pela oposição e declarou que não se deve parar de pressionar o governo até a reativação do processo para realizar o referendo revogatório, uma ação que a MUD vem implementando há anos e que já foi conseguida anteriormente, mas o então presidente Hugo Chávez venceu com a maioria dos votos populares na decisão para que seu mandato continuasse.
O ponto fraco da oposição de direita é não ter grande respaldo de massa, mesmo com a crise implementada na Venezuela e as incessantes críticas das grandes corporações de mídia ao governo. “A Assembleia Nacional não tem nem as ruas, nem o povo, nem a FANB para destituir o presidente da República”, ressaltou o deputado chavista Elías Jaua, durante a manifestação nesta terça-feira em apoio à Revolução Bolivariana.
Os setores populares e movimentos sociais convocaram mobilizações para os próximos dias, que serão realizadas ainda nesta semana em todo o país, com a finalidade de apoiar a democracia e o presidente Nicolás Maduro.