Depois da greve geral, com forte impacto nos transportes e serviços, e das manifestações de quarta-feira – nomeadamente em Atenas e Salónica –, os protestos contra o «quarto memorando» (como foi baptizado pelos manifestantes) prosseguiram ontem na capital, na Praça Syntagma, em frente ao Parlamento grego, com forte presença de reformados e pensionistas.
Este novo pacote legislativo do governo Syriza-Anel não estava previsto no terceiro resgate e será aplicado assim que terminar o actual programa. Entre as medidas ontem aprovadas contemplam-se um novo corte nas pensões, a partir de 2019, e subidas de impostos, a partir de 2020.
Nos planos do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, o objectivo é poupar na despesa do Estado e, a quatro dias da reunião do Eurogrupo, agradar aos credores, convencendo-os de que «os sacrifícios do povo grego» justificam «um alívio na dívida», bem como a libertação de uma nova tranche de 7,5 mil milhões de euros no plano de resgate, indicam as agências Efe e Reuters.
Programa não cumprido, profunda recessão
Desde 2010, a Grécia recebeu dos credores cerca de 260 mil milhões euros em troca da realização de grandes reformas económicas e cortes na despesa pública, que mergulharam o país numa profunda recessão económica.
Presente na manifestação na Praça Syntagma, Maria, uma professora de 60 anos, falou à agência Efe da frustração que sente com Alexis Tsipras, líder do Syriza, que, em seu entender, «enganou duas vezes o povo, a primeira com o programa de Salónica e a segunda com o referendo».
A professora referia-se ao programa eleitoral apresentado pelo Syriza – não aplicado – e que levou a ganhasse as eleições em Janeiro de 2015, e ao referendo em que o povo grego disse maioritariamente «não» ao terceiro resgate, mas que Tsipras acabou por assinar.