A reportagem é publicada por LibreRed, 27-04-2016. A tradução é do Cepat.
Os distúrbios ocorrem simultaneamente à retomada das deportações a Turquia.
Nesta terça-feira, partiram 13 pessoas de Lesbos e cinco da ilha de Quios, inaugurando uma nova fase e se juntando aos 325 que já pisaram em solo turco.
Embora ainda não haja confirmações de feridos ou detidos, imagens mais que convincentes foram divulgadas em redes sociais como o Twitter: pessoas jovens transportadas em cobertores, incêndios e pessoas com rostos desesperançados por trás de cercados de arame farpado.
“Os enfrentamentos continuam, no momento, não tenho mais informação”, afirmou um policial a meios de comunicação locais a respeito da situação atual em Moria, que se tornou o centro de detenção, após a efetivação do acordo de migração entre União Europeia (UE) e Turquia, e onde atualmente há mais de 3.000 pessoas.
As revoltas ocorrem simultaneamente à visita do ministro de Migração grego, Yanis Muzalas, que recebeu garrafadas e foi vaiado pelos refugiados.
No entanto, a polícia local afirmou que a visita do ministro não foi o motivo destas tensões, que se acumulam há tempo, mesmo quando o Papa Francisco andou por este campo, há somente 10 dias, e em um gesto solidário retornou ao Vaticano com 12 refugiados.
Segundo o jornal britânico The Guardian, o governo da Grécia, que está em contagem regressiva para celebrar a Páscoa ortodoxa, tenta agilizar as deportações e limpar o campo de refugiados de Pireu, antes da chegada do turismo.
Cerca de 8.000 refugiados e imigrantes estão nas ilhas gregas. Em sua maioria, chegaram após a acordo de deportação entre UE e Turquia.
Até o momento e sob este pacto, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) facilitou, a conta gotas, o reassentamento de apenas 350 sírios que foram da Turquia para países europeus como Áustria, Dinamarca e Alemanha. No entanto, nesta semana, esperam que sejam reacomodadas outras 350 pessoas, em sua maioria na França.
Nesta terça-feira, a tocha olímpica passou pelo campo de refugiados de Eleonas, em Atenas, onde um nadador deficiente sírio, asilado na Grécia, carregou a chama e, em seguida, pela Acrópole, antes de encerrar sua passagem pelo país grego, na quarta-feira.
Ibrahim al Hussein, de 27 anos, que perdeu metade de sua perna direita durante um bombardeio na Síria, percorreu com o fogo olímpico o campo de refugiados de Eleonas, onde vivem 1.620 pessoas, principalmente procedentes do Afeganistão, rodeado por uma multidão de refugiados, câmeras de televisão e jornalistas.
“Isto é uma grande honra para mim e a dedico a todos os sírios e a todos os árabes que tenham passado por tantas situações difíceis”, disse aos meios de comunicação locais, após concluir seu percurso. “Minha mensagem para eles é que não fiquem nos campos de refugiados sem fazer nada, mas que corram atrás de seus sonhos”.
Al Hussein, que vive na Grécia desde 2014 e conta com o status de refugiado, a partir do momento em que chegou em uma balsa na costa de Samos, desde jovem começou a praticar natação por influência de seu pais, até que teve que abandonar o esporte em razão do início da guerra na Síria, em 2011.
Depois de passar por Eleonas, a tocha seguiu o seu percurso até o centro de Atenas, passando pela central Praça Sintagma, em frente ao Parlamento, e dali foi para a Acrópole, onde foi realizado um ato em frente ao Partenon.
A tocha começou seu trajeto, após a cerimônia de abertura em Olímpia, passando por vários pontos da geografia grega, em um período de seis dias e que se encerra nesta quarta-feira, no Estádio Panathinaiko, sede dos Jogos de Atenas de 1896, que completam o 120º aniversário, neste ano.
Na quarta-feira, a tocha olímpica fará a sua última passagem pela Grécia, de onde viajará a Suíça, antes de voar até o Brasil, país anfitrião dos Jogos Olímpicos, que terão início no dia 05 de agosto, com a cerimônia de abertura no Estádio do Maracanã.