Segundo as leis das classes dominantes, os patrões podem continuar “legalmente” a explorar os trabalhadores e os explorados acabam geralmente a perder nos pleitos judiciais com o patronato.
Mas também há a justiça de uma ou mais fracções das classes dominantes contra outras, como actualmente acontece no Brasil. Ali, as classes trabalhadoras e os mais pobres ficam nitidamente a perder, além de, se confiarem nessa justiça, estarem, também, a alimentar o movimento fascizante a ela acoplada.
Em Portugal, o problema é análogo ou para lá caminha. Muito raramente os elementos das classes dominantes são verdadeiramente atingidos, mas aqueles que caírem em desgraça (também para dar o exemplo ou salvar as aparências), podem ter de arcar com um calvário na “justiça” e nos média do sistema, além das eventuais condenações. Há que reconhecer que isso acontece com algumas pessoas por quem não podemos ser acusados de ter simpatias. Embora alguns dos atingidos acabem por beber do próprio veneno, que ajudaram a fabricar ou manter.
O exercício de uma justiça de clã e de vingança, parece ser o que aconteceu recentemente e de forma descarada com o ministro Mário Centeno. E lá estavam os “jornalistas” do costume a promoverem e a alimentarem o “escândalo”. O ministro vendeu-se por dois bilhetes para ir ver a bola? Ridículo. A mesma justiça que “não tem formação nem meios” para defender quem é vítima da violência doméstica , como arranja tempo e meios para isto? Tragicamente significativo do que gente mesquinha e vingativa é capaz.
E andam vários magistrados atarefados (e bem amparados por certos sectores da direita) à procura de consensos legislativos e/ou organizativos para o sector judiciário, assim como de benefícios pecuniárias para os seus membros. Ao mesmo tempo que são fortes os indícios de que tal ofensiva justicialista não fica por aqui. Não será que estamos a passar por uma fase de forte pressão/chantagem do aparelho judiciário sobre o actual governo? Se o diabo não vem de um lado pode vir por outro?