Para além da indignação de muitos, também se verificou nos média a habitual, retorcida e, por vezes, ridícula, justificação dos beneficiários, levada a cabo pelos seus amigos e apaniguados. E, apesar de algumas boas intenções dos opositores a estas “promiscuidades”, com menos ou mais leis, com menos ou mais justificações, continua a dança dos tachos e das chorudas remunerações. O que não significa que não devam ser sistematicamente denunciadas tais situações!
Mas, neste campo, o capitalismo não funciona mal. Para eles, claro. No seio das camadas governantes, prevalece, acima de tudo, a lógica do lucro, da rapina e da acumulação. Também neste domínio, pretender melhorar o capitalismo é, citando a sabedoria popular, o mesmo que tentar endireitar a sombra de uma vara torta.
Quando o ex-vice-primeiro-ministro Paulo Portas aceitou ser contratado pela Mota-Engil pouco tempo após deixar o governo, tal como já antes acontecera com a ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, no momento em que esta anunciou que acumularia o cargo de deputada com o de administradora não executiva da gestora financeira Arrow Global, levantou-se uma grande indignação na sociedade portuguesa, particularmente a nível da esquerda parlamentar e de alguns articulistas desta área.
Para além da indignação de muitos, também se verificou nos média a habitual, retorcida e, por vezes, ridícula, justificação dos beneficiários, levada a cabo pelos seus amigos e apaniguados. E, apesar de algumas boas intenções dos opositores a estas “promiscuidades”, com menos ou mais leis, com menos ou mais justificações, continua a dança dos tachos e das chorudas remunerações. O que não significa que não devam ser sistematicamente denunciadas tais situações!
Mas, neste campo, o capitalismo não funciona mal. Para eles, claro. No seio das camadas governantes, prevalece, acima de tudo, a lógica do lucro, da rapina e da acumulação. Também neste domínio, pretender melhorar o capitalismo é, citando a sabedoria popular, o mesmo que tentar endireitar a sombra de uma vara torta.
Preparando o terreno
Como ministro dos Negócios Estrangeiros, e depois vice-primeiro-ministro, Portas esteve com muitas empresas, incluindo a Mota Engil, em missões empresariais a vários países da América Latina. A Mota Engil participou, entre 2012 e 2015, em seis missões a países da América Latina chefiadas pelo ex-líder do CDS. O caminho estava a ser feito para uma futura contratação de Portas. Também as funções exercidas por Maria Luís Albuquerque no executivo de Passos Coelho (incluindo as suas responsabilidades na Dívida) se coadunavam bem com as suas futuras tarefas na Arrow Global.
Muitos outros governantes do chamado arco da governação (desactualizado no seu formato habitual?) integram ou já integraram a administração da Mota Engil, entre os quais Valente de Oliveira, ex-ministro do PSD, Luís Parreirão, antigo secretário de Estado do PS ou Paulo Pereira Coelho, ex-secretário de Estado do PSD.
António Lobo Xavier, ex-líder parlamentar do CDS e actual Conselheiro de Estado, ocupa hoje o cargo de vogal do Conselho de Administração da Mota Engil. Um nome conhecido do PS, Jorge Coelho, antigo ministro de Estado e do Equipamento Social de António Guterres, também participou na direcção desta empresa.
Longa prática
Outros casos conhecidos de políticos que passaram do aparelho de estado para o mundo dos negócios são o de Pina Moura, ex-ministro das Finanças e da Economia do PS, que foi para a eléctrica espanhola Iberdrola, ou de Agostinho Branquinho, deputado do PSD, que trocou o Parlamento pela Ongoing.
O ex-ministro da Defesa e ex-comissário europeu António Vitorino, com cargos em diversas empresas (é caso para dizer aqui “não há festa nem festança a que não vá a dona Constança”), sai dos CTT para integrar o Santander-Totta, onde encontra o ex- ministro das Finanças Luis Campos e Cunha. Isto, no mesmo banco que comprou o Banif, onde estava assalariado, antes da resolução, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado. E o ex-primeiro-ministro José Sócrates, entre outros afazeres, também aplicou a sua sabedoria na conhecida empresa farmacêutica Octapharma.
António Mexia, outro ex-ministro e actual presidente executivo da EDP, pode, segundo os média, vir a auferir mais de dois milhões de euros em 2016 (entre remunerações fixas e variáveis) na mesma empresa onde também anda (e se governa) o “incansável” Catroga. Teixeira dos Santos, antigo ministro das Finanças de José Sócrates, prepara-se já para o BIC, de onde saiu Mira Amaral.
Mas a dança não acaba aqui. Leonor Beleza, assim como Rui Vilar, estão indicados para aplicar os seus conhecimentos nas vice-presidências da Caixa Geral de Depósitos (CGD) onde, para além de um vasto leque de outros gestores, António Domingos será o novo presidente. E, para tapar os buracos abertos (pelo centrão dos negócios e da vigarice) e reestruturar esta empresa, estão previstos mais uns quantos milhares de milhões de investimento (a pagar pelos contribuintes portugueses) e prometidos chorudos ordenados aos seus futuros gestores. Atendendo ao que dela conhecemos, a CGD será uma empresa pública? Ao serviço de quem?
Como ministro dos Negócios Estrangeiros, e depois vice-primeiro-ministro, Portas esteve com muitas empresas, incluindo a Mota Engil, em missões empresariais a vários países da América Latina. A Mota Engil participou, entre 2012 e 2015, em seis missões a países da América Latina chefiadas pelo ex-líder do CDS. O caminho estava a ser feito para uma futura contratação de Portas. Também as funções exercidas por Maria Luís Albuquerque no executivo de Passos Coelho (incluindo as suas responsabilidades na Dívida) se coadunavam bem com as suas futuras tarefas na Arrow Global.
Muitos outros governantes do chamado arco da governação (desactualizado no seu formato habitual?) integram ou já integraram a administração da Mota Engil, entre os quais Valente de Oliveira, ex-ministro do PSD, Luís Parreirão, antigo secretário de Estado do PS ou Paulo Pereira Coelho, ex-secretário de Estado do PSD.
António Lobo Xavier, ex-líder parlamentar do CDS e actual Conselheiro de Estado, ocupa hoje o cargo de vogal do Conselho de Administração da Mota Engil. Um nome conhecido do PS, Jorge Coelho, antigo ministro de Estado e do Equipamento Social de António Guterres, também participou na direcção desta empresa.
Longa prática
Outros casos conhecidos de políticos que passaram do aparelho de estado para o mundo dos negócios são o de Pina Moura, ex-ministro das Finanças e da Economia do PS, que foi para a eléctrica espanhola Iberdrola, ou de Agostinho Branquinho, deputado do PSD, que trocou o Parlamento pela Ongoing.
O ex-ministro da Defesa e ex-comissário europeu António Vitorino, com cargos em diversas empresas (é caso para dizer aqui “não há festa nem festança a que não vá a dona Constança”), sai dos CTT para integrar o Santander-Totta, onde encontra o ex- ministro das Finanças Luis Campos e Cunha. Isto, no mesmo banco que comprou o Banif, onde estava assalariado, antes da resolução, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado. E o ex-primeiro-ministro José Sócrates, entre outros afazeres, também aplicou a sua sabedoria na conhecida empresa farmacêutica Octapharma.
António Mexia, outro ex-ministro e actual presidente executivo da EDP, pode, segundo os média, vir a auferir mais de dois milhões de euros em 2016 (entre remunerações fixas e variáveis) na mesma empresa onde também anda (e se governa) o “incansável” Catroga. Teixeira dos Santos, antigo ministro das Finanças de José Sócrates, prepara-se já para o BIC, de onde saiu Mira Amaral.
Mas a dança não acaba aqui. Leonor Beleza, assim como Rui Vilar, estão indicados para aplicar os seus conhecimentos nas vice-presidências da Caixa Geral de Depósitos (CGD) onde, para além de um vasto leque de outros gestores, António Domingos será o novo presidente. E, para tapar os buracos abertos (pelo centrão dos negócios e da vigarice) e reestruturar esta empresa, estão previstos mais uns quantos milhares de milhões de investimento (a pagar pelos contribuintes portugueses) e prometidos chorudos ordenados aos seus futuros gestores. Atendendo ao que dela conhecemos, a CGD será uma empresa pública? Ao serviço de quem?