Por: Alexandre Rosendo
O Brasil testemunhou, nesta semana, um dia que poderá iniciar uma era de regressos sem precedentes para o povo. Nesta quarta-feira (11), o Senado Federal votou favoravelmente ao impeachment de Dilma Rousseff, numa sessão com senadores mais sujos que pau de galinheiro e que faziam jus à mediocridade de seus antecessores da sessão da Câmara dos Deputados. Num processo corrupto, fraudulento, ilegal e imoral até mesmo sob o ponto de vista do Direito Burguês, o verdadeiro Golpe de Estado que afastou Dilma não tinha outra razão de existência senão ser parte constitutiva do sem-número de “revoluções coloridas” bancadas pelo imperialismo norte-americano por todo o planeta.
[Rafael Silva] A grande mídia brasileira é não só o arauto, mas também coprodutora do quase finalizado golpe tupiniquim de 2016. E o jornalismo da Rede Globo merece destaque nesse poderoso, ilegítimo e antidemocrático projeto para o Brasil. O alto preço dessa espécie de vitória dos “jornalistas” Globais, contudo, é que, após ter vendido sistematicamente o golpe, ao vivo em e em cadeia nacional, a emissora fica impossibilitada de voltar, melhor dizendo, de começar a fazer jornalismo de verdade.
[Ilka Oliva Corado] “Devíamos tê-la matado”, terão repetido centenas de vezes seus torturadores quando viram-na se tornar a primeira mulher presidenta do Brasil. Ou quem sabe tenham desejado que também como Evita, o câncer a fizesse desaparecer (momentaneamente, porque é imortal) do cenário político. Há um antes e um depois de Dilma no Brasil e na América Latina. Uma mulher presidente vencendo o patriarcado e a diferença de gênero. Uma mulher que em seu governo criou políticas de inclusão de gênero. Políticas sociais que beneficiaram milhões de subjugados que a oligarquia somente pode ver como peões que há séculos são explorados e os quais apenas quer continuar explorando.
[Rafael Silva] “Honesta, Dilma pode ser afastada por criminosos”, dizia o The new York times em 13 de abril de 2016. E foi! Um mês depois da manchete do jornal americano, em 13 de maio, a presidenta democraticamente eleita pelo voto direto de 54.501.118 de cidadãos brasileiros está afastada. Nem foi difícil. Bastaram precisos 422 votos golpistas -367 de deputados federais e 55 de senadores da república- para anular os mais de 54 milhões de votos com os quais Dilma se elegeu. Os vitoriosos votos golpistas são pouquíssimos, porém, temos de reconhecer, têm poder: o poder da velha oligarquia política-econômica tupiniquim.
Uma quadrilha de bandidos tomou por assalto a presidência do Brasil. Ela é integrada por três atores principais: por um lado, um elevado número de parlamentares (lembrar que sobre dois terços deles pesam gravíssimas acusações de corrupção), a maioria dos quais chegou ao Congresso como produto de uma absurda legislação eleitoral que permite que um candidato que obtenha apenas umas poucas centenas de votos ganhe uma cadeira graças à perversa magia do “quociente eleitoral”. Tais eminentes ninharias puderam destituir provisoriamente a quem chegou ao Palácio do Planalto com o aval de 54 milhões de votos.
[Elaine Tavares] O golpe judiciário/midiático consolidado nessa quarta-feira, dia 11 de maio, no Brasil, encerra um ciclo na América Latina, que ficou marcado pela presença poderosa e carismática de Hugo Chávez. Liderança inconteste de transformações populares no continente, Chávez alavancou um período histórico para as gentes dessa parte do mundo. Participação protagônica, soberania, cooperação, solidariedade, elementos fundamentais para a organização de outra forma de viver. Não foi sem razão que o combate contra suas ideias foi igualmente poderoso e, passo a passo, consolidou a derrota da ideia generosa da pátria grande, trazida ao sul do mundo outra vez. A primeira fora com Bolívar, também derrotado pela sede de poder particularista de seus generais.
[João Guilherme A. de Farias*] Da “ministra motosserra” para o “barão da soja”, o Ministério da Agricultura é a casa-grande por onde caminham livremente os representantes do agronegócio. Blairo Maggi é o seu mais novo anfitrião.
[Rafael Silva] O novo golpe da velha oligarquia brasileira contra a presidenta democraticamente eleita, que, hoje, 12 de maio de 2016, afasta-a oficialmente do seu cargo por seis meses, não faz de Dilma Rousseff a maior vítima desse momento farsesco. A atual senhora, que quando jovem foi torturada pela ditadura militar por lutar pela democracia, outro destino não terá senão a absolvição histórica. As maiores vítimas, na verdade, estão antes e depois dela: em uma ponta, os 54.501.118 de cidadãos que votaram em Dilma e no seu projeto de país, e, na outra, a própria democracia. Eu, cidadão brasileiro que votei em Dilma, não tenho como deixar de pensar e sentir que o golpe é contra mim.
Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.
Contacto: diarioliberdade [arroba] gmail.com | Telf: (+34) 717714759