[Elaine Tavares] A crise do desabastecimento por conta da greve dos caminhoneiros vai passando devagar, deixando marcas indeléveis. E as redes sociais seguem no interminável frisson de notícias falsas e de fabricação de realidades que vão se incorporando na mente de muita gente que não tem outra fonte de informação. E assim, a televisão – cujo comando está nas mãos de quatro famílias e uma igreja – e o facebook, vão moldando pensamentos e ações. Nessa ciranda, tanto as gentes da direita como as da esquerda vão gestando um caldo grosso de mentiras e desinformação. As redes viraram pântanos onde no mais das vezes só é possível se afogar.
O Brasil amanheceu nesta quarta-feira (30) com as refinarias, plataformas e terminais da Petrobras paralisados devido à greve de ao menos 72 horas decretada pela Federação Única dos Petroleiros (FUP).
Talvez, o atual momento seja o que mais se assemelhe a Junho de 2013.
Apesar da enorme campanha da imprensa golpista pelo fim da greve dos caminhoneiros, a mobilização continua, com milhares de governo se opondo às manobras do governo Temer de encenar que atendeu a todas as reivindicações da categoria, quando isso nem de longe reflete a realidade.
[Golbery Lessa*] De acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), há 2,7 milhões de caminhões no Brasil. Os caminhoneiros autônomos são proprietários de cerca de 70% desses veículos, e os 30% restantes estão no patrimônio das empresas de logística e das firmas de outros setores. Nas transportadoras trabalham 360 mil motoristas de carga (fonte: Caged) e os autônomos são 1,8 milhão de indivíduos. Portanto, a maioria dos caminhoneiros não é composta de assalariados. Esse fato aproxima em alguma medida as reivindicações dos autônomos das reivindicações das empresas do setor. Contudo, isso não significa que exista uma identidade fundamental de interesses entre os dois polos e menos ainda que os caminhoneiros sejam sempre manipulados pelos empresários, apesar de ambos agirem em alianças pontuais por diversas razões.
[Antônio Carlos Silva] O decreto de intervenção das Forças Armadas contra a greve dos caminhoneiros na tarde da última sexta-feira, dia 25, evidenciou ainda mais o verdadeiro caos que o regime golpista vem impondo ao País, mas fracassou.
A paralisação de caminhoneiros, em todo o país, iniciada no último dia 21 de maio, associada ao bloqueio de rodovias como forma de manifestação e pressão, provocou a interrupção do abastecimento de combustíveis aos postos de serviço, gerando drástica redução da oferta de transporte público e do abastecimento em geral. As reivindicações do movimento centram-se na redução do preço do óleo diesel.
A CUT apoia a paralisação nacional dos caminhoneiros, que estão realizando um movimento legítimo e justo pela redução dos preços do óleo diesel, e exige que o governo mude sua política de preços dos combustíveis que tem provocado aumentos abusivos também no gás de cozinha e na gasolina.
O PCB vem a público manifestar sua solidariedade à greve dos caminhoneiros. Diferentemente das manifestações em 2015, hegemonizadas por interesses patronais, as reivindicações dos caminhoneiros são justas e em sintonia com os interesses da classe trabalhadora. Embora existam interesses patronais e midiáticos que tentam se aproveitar do movimento através de pautas para diminuir seus custos como a retirada do PIS Cofins, um importante imposto que financia a seguridade social, no essencial a pauta dos caminhoneiros se baseia no protesto contra a alta dos preços que atinge diretamente a população como um todo.
[João Jorge Pimenta] Muitos dos mais corajosos militantes da luta contra o golpe saíram em público denunciando a greve dos caminhoneiros como um lockout, ou uma provocação para um golpe, denunciando-os como elementos de extrema-direita e relembrando o papel desprezível que eles fizeram no golpe contra Dilma.
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