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Diário Liberdade

Mostrando itens por tag: imigrantes

Por Ilka Oliva Corado

Tradução de Raphael Sanz

Conseguimos subir o barranco e nos afastamos do lugar. Pensamos que o tormento das emboscadas havia ficado para trás. A fronteira não é como contam por aí e por isso perdem-se tantas vidas em tentativas vãs de atravessá-la aos Estados Unidos. Não se ouvem historias de policiais que atiram em indocumentados quando na verdade essa é uma realidade diária. Mas quem os acusaria? Pior ainda, quem acreditaria na palavra de um indocumentado? Ninguém. Nós não valemos como seres humanos dentro desta nação. Com sorte, seremos mão-de-obra barata com a qual os anglo-saxões se beneficiam e nada mais.

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Por Ilka Oliva Corado

Tradução de Raphael Sanz

A luz do dia nos deixava descobertos e não podíamos seguir no caminho limpo, sem espinheiros, e assim tivemos que avançar entre cactos e galhos que nos cravaram na pele suas agulhas. Eu usava o gorro e as luvas de montanhista e isso ajudou a diminuir a quantidade de espinhos que entravam na minha pele porque a maioria parava nesses itens. Aos demais, começava a escorrer lentamente o sangue das feridas causadas pelos espetos e grandes espinhos dos cactos adultos.

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Por Ilka Oliva Corado

Tradução de Raphael Sanz

Junto das luzes e motores acesos das motocicletas e caminhões da Patrulha Fronteiriça escutamos uma chuva de impropérios nessa mescla chamada spanglish. Era de notar que nos esperavam com ânsias para caçar-nos como a animais. Certamente houve mudança de guarda na linha fronteiriça mas mais adiante e com a experiência de sagazes caçadores, outro nutrido grupo de policiais esperava suas presas.

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Segunda, 29 Mai 2017 21:30

O norte, a emigração iminente

O norte nem sempre são os Estados Unidos, o norte, para os migrantes e desabrigados, é um lugar distante ao qual vão em busca da utopia. Obrigados pelas circunstâncias, essas circunstâncias têm responsáveis: um Estado inoperante, um sistema avassalador por tradução e uma sociedade desumana e insensível.

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Por Ilka Oliva Corado

Tradução de Raphael Sanz

Quando saltamos a terceira cerca, o coyote a cargo do nosso grupo começou a correr e seguindo suas instruções também corremos nós. Tínhamos de nos afastar da linha divisória o quanto antes fosse possível (e impossível) porque estava por iniciar a caça da Patrulha Fronteiriça.

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Por Ilka Oliva Corado

Tradução de Raphael Sanz

Não sei quantos quilômetros de distância há entre Água Prieta e a fronteira com o Arizona. Não caminhamos em linha reta, a rota foi serpenteando, em instantes parecia que o caminho era para voltar a Água Prieta ao invés de nos dirigir ao Arizona. Sei a quantidade de quilômetros que percorremos porque o coyote levava um aparelho tipo um relógio de pulso que também era uma bússula e mantinha um registro da distância percorrida.

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Por Ilka Oliva Corado, Tradução de Raphael Sanz

Corremos e nos escondemos nos matagais enquanto saltavam todos que estavam nos táxis que, em um ranger de dentes iam-se do lugar. Estávamos no meio do nada, longe do centro de Agua Prieta, metidos no deserto de Sonora.

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Por Ilka Oliva Corado, Tradução de Raphael Sanz

Subimos em um táxi que durante seis horas nos conduziu pelas autopistas do deserto de Sonora. Os táxis que transitam por lá são camionetes Suburban e Hummer em sua maioria, e precisam usar o dobro da tração por conta do tipo de solo que dispõe o terreno.

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[Por Ilka Oliva Corado Tradução de Raphael Sanz] Chegando ao aeroporto da Cidade do México, passei para a área de migração. O plano estava estudado com cautela e, na ponta da língua, eu iria visitar uma tia que vivia naquela cidade.

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[Ilka Oliva Corado, Tradução de Raphael Sanz] Soa o alarme do despertador, são cinco horas da manhã em ponto do dia vinte e sete de outubro do ano dois mil e três. Devo sair dos tíbios lençóis e pegar água gelada do regador: a diáspora aguarda por mim e não devo fazê-la esperar. Não dormi nem um tostão, a noite se foi como uma vela com sopro, contando os segundos, escutando o vento frio soprar entre as fendas da janela do quarto, dei mais de cem voltas no mesmo pedaço de piso, estirando e encolhendo a dor, tratando de enganar-me fingindo que não me dói partir. Escondendo o medo do desconhecido, tratando de guardar em minha memória cada fotografia pendurada em quadros sobre as paredes da sala. Os livros que com sacrifício comprei, o caminho que conduz até Ciudad Peronia, as varinhas do São José do jardim, minha caneca favorita, os entardeceres cor de fogo de outubro, o craveiro vermelho florescendo na da pequena Juana.

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