Nicola Sturgeon, ministra principal escocesa, assegurou, nesta terça-feira (17), que se aproxima a possibilidade de uma consulta aos seus compatriotas para que decidam sobre a separação do Reino Unido depois que Londres optou por negociar sua saída do bloco regional sob condições que afetarão os interesses de Edimburgo.
A primeira ministra britânica, Theresa May, revelou em um discurso ante os embaixadores dos 27 países que integram a UE, que seu país romperá de forma 'clara e nítida' com a comunidade europeia sem pretensão de se manter dentro do mercado único de 500 milhões de consumidores, o qual é qualificado como Brexit duro.
May pronunciou-se contra qualquer tentativa de desunir o país aproveitando as diferenças que subsistem em torno da implementação do Brexit, uma advertência dirigida contra o propósito separatista dos nacionalistas escoceses, indicam analistas.
Sturgeon afirmou que o Governo britânico 'não pode se retirar da União Europeia e do mercado único sem ter em conta o impacto em nossa economia, o emprego, os padrões de vida e nossa reputação de país aberto e tolerante' e reiterou o direito dos escoceses a 'eleger entre essa opção e um futuro diferente'.
A líder do Partido Nacionalista Escocês manifestou que após o discurso de May se evidenciou que Londres se decidiu pelo Brexit duro pelas 'obsessões da extrema direita dentro do Partido Conservador' britânico, sem levar em consideração os melhores interesses para o país.
A ministra principal referiu-se que no referendo do dia 23 de junho de 2016, em que triunfaram os partidários da saída da UE, 62% dos escoceses votaram por continuar na mesma, e ressaltou que os postulados sobre o Brexit enunciados por May 'vão na contramão de nossos interesses nacionais'.
Em 18 de setembro de 2014 foi realizado um plebiscito na Escócia para decidir se esse país deveria se tornar independente do Reino Unido e triunfou com 55% dos votos a opção contrária a essa iniciativa, frente a 45% dos partidários pela secessão.
A funcionária escocesa propôs que nas negociações com a UE para o Brexit se envolva em igualdade de condições representantes de sua nação junto aos da Inglaterra, Gales e Irlanda do Norte, que integram o Reino Unido.
Desde meados do ano passado, depois da vitória do Brexit, Sturgeon promove a realização de um novo referendo, se Londres não ceder a essa demanda e agir contra os interesses dos escoceses, um cenário que na sua avaliação favorecerá o triunfo do independentismo.