A informação foi avançada pela Agência Lusa, que teve acesso à carta remetida por Emily O'Reilly ao colégio de comissários. Na origem, está uma queixa de funcionários da Comissão Europeia após o anúncio da ida de Barroso para um dos maiores bancos mundiais.
A contratação do ex-presidente da Comissão Europeia pela Goldman Sachs foi recebida com muitas críticas de vários quadrantes, alimentando uma saga que já dura há décadas, de transferências de responsáveis da UE para alguns dos maiores grupos financeiros mundiais. O seu antecessor no cargo que agora ocupa, Peter Sutherland, já tinha passado pelas cadeiras da Comissão Europeia antes de ingressar no banco norte-americano.
A Provedora de Justiça da UE decidiu abrir um inquérito à actuação da Comissão perante a polémica que se instalou com o ingresso de Barroso na Goldman Sachs, que classifica como «alegadamente insuficiente». Apesar de terem surgido várias movimentações de protesto na altura da nomeação do ex-presidente, inclusivamente do grupo de funcionários que apresentaram queixa, não é conhecida qualquer decisão dos comissários relativamente ao caso.
O comité de ética da Comissão emitiu um parecer em que indica que a decisão de Barroso não violou as regras (estava obrigado a um período de nojo de 18 meses, que foi cumprido). No entanto, o parecer não é brando com o ex-presidente: Durão Barroso «não demonstrou a sensatez que se poderia esperar de alguém que ocupou o cargo de presidente durante tantos anos.»
O português presidiu à Comissão Europeia entre 2004 e 2014, depois de se demitir de primeiro-ministro de Portugal. Antes, foi deputado, secretário de Estado e ministro indicado pelo PSD, partido que liderou entre 1999 e 2004.
Enquanto primeiro-ministro, foi anfitrião do encontro com George W. Bush, José Maria Aznar e Tony Blair, nos Açores, onde foi traçada a estratégia para a invasão do Iraque.