Apesar da enorme campanha da imprensa golpista pelo fim da greve dos caminhoneiros, a mobilização continua, com milhares de governo se opondo às manobras do governo Temer de encenar que atendeu a todas as reivindicações da categoria, quando isso nem de longe reflete a realidade.
[Golbery Lessa*] De acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), há 2,7 milhões de caminhões no Brasil. Os caminhoneiros autônomos são proprietários de cerca de 70% desses veículos, e os 30% restantes estão no patrimônio das empresas de logística e das firmas de outros setores. Nas transportadoras trabalham 360 mil motoristas de carga (fonte: Caged) e os autônomos são 1,8 milhão de indivíduos. Portanto, a maioria dos caminhoneiros não é composta de assalariados. Esse fato aproxima em alguma medida as reivindicações dos autônomos das reivindicações das empresas do setor. Contudo, isso não significa que exista uma identidade fundamental de interesses entre os dois polos e menos ainda que os caminhoneiros sejam sempre manipulados pelos empresários, apesar de ambos agirem em alianças pontuais por diversas razões.
A paralisação de caminhoneiros, em todo o país, iniciada no último dia 21 de maio, associada ao bloqueio de rodovias como forma de manifestação e pressão, provocou a interrupção do abastecimento de combustíveis aos postos de serviço, gerando drástica redução da oferta de transporte público e do abastecimento em geral. As reivindicações do movimento centram-se na redução do preço do óleo diesel.
[Leandro Lanfredi] Temer colocou as Forças Armadas para desbloquear estradas e refinarias em todo país, dando um salto autoritário na maneira de resolver a crise dos combustíveis que está desabastecendo todas cidades. Os combustíveis mais usados pela população e não pelas empresas de transporte seguirão caríssimos, o acordo não toca nada no preço abusivo da gasolina e gás de cozinha. Sua resposta autoritária tenta impor um ponto final na situação e terminar a crise com o acordo que ele firmou ontem com lideranças patronais e sindicais dos caminhoneiros.
[Elaine Tavares] Não é de agora que o governo brasileiro vem arrochando a vida do trabalhador. O processo começou bem antes de o vice, Michel Temer, dar o golpe. A presidenta Dilma Roussef, que se elegeu com um programa, vinha já aplicando outro, mais adequado aos interesses das grandes agências de fomento internacionais, do agronegócio e da pequena parcela da elite produtiva. Sempre é bom lembrar que Dilma escolheu Joaquim Levy para Ministro da Fazenda, um ex-funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), ou seja, uma raposa cuidando do galinheiro. E logo que entrou já veio com a conversinha de metas para o superávit primário, baixando duas medidas provisórias de ajuste fiscal, que mexia com trabalhadores e empresários de médio porte. Essa memória é necessária para que se perceba que o governo do PT estava respaldando as medidas, ainda que um ou outro dirigente fizesse críticas públicas ao ministro.
O PCB vem a público manifestar sua solidariedade à greve dos caminhoneiros. Diferentemente das manifestações em 2015, hegemonizadas por interesses patronais, as reivindicações dos caminhoneiros são justas e em sintonia com os interesses da classe trabalhadora. Embora existam interesses patronais e midiáticos que tentam se aproveitar do movimento através de pautas para diminuir seus custos como a retirada do PIS Cofins, um importante imposto que financia a seguridade social, no essencial a pauta dos caminhoneiros se baseia no protesto contra a alta dos preços que atinge diretamente a população como um todo.
[João Jorge Pimenta] Muitos dos mais corajosos militantes da luta contra o golpe saíram em público denunciando a greve dos caminhoneiros como um lockout, ou uma provocação para um golpe, denunciando-os como elementos de extrema-direita e relembrando o papel desprezível que eles fizeram no golpe contra Dilma.
Cerca de 300 mil professores protagonizarão hoje e amanhã uma greve nacional, convocada pela Federação Colombiana de Educadores (Fecode), em rejeição ao incumprimento de acordos pactuados com o governo.
Os trabalhadores ferroviários da França cumprirão hoje uma jornada de manifestação nacional dirigida a rejeitar a reforma do setor impulsionada pelo governo, com ações previstas em todo o país.
A greve de trabalhadores em reivindicação de um aumento salarial continua hoje na Air France em sua nona jornada, pela qual a companhia deve cancelar 30 por cento dos voos programados.
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